Temos visto falar muito sobre a lactose nas mídias e a cada momento há uma informação diferente. Uma hora podemos consumi-la, outra hora não. Para saber melhor sobre isso, primeiramente temos que entender o que é a lactose. A lactose é um carboidrato presente no leite e para que ela seja absorvida ela precisa ser quebrada em glicose e galactose pela lactase. A lactase é uma enzima que fica no intestino delgado e é essencial para a sobrevivência da maioria dos mamíferos recém-nascidos, cuja única ou principal fonte de nutrientes é o leite.
Após o desmame e conforme a idade vai avançando, a maioria dos indivíduos tende a apresentar um declínio fisiológico na atividade da enzima. Em regiões com histórico de dependência da pecuária e cultura de ordenha, costuma-se apresentar indivíduos com maior atividade da enzima lactase, o que indica uma adaptação fisiológica do organismo destes indivíduos para continuar digerindo os lácteos.
A baixa atividade da lactase provoca má-absorção de lactose e, quando essa má-absorção gera sintomas, a condição passa a ser chamada de intolerância à lactose. A intolerância à lactose é definida como uma síndrome caracterizada pela ocorrência de diarreia, dor abdominal, flatulência e/ou distensão abdominal após a ingestão de lactose.
Os indivíduos que não apresentam os sintomas citados ao ingerirem produtos derivados de leite, podem consumi-los normalmente, visto que a lactose é apenas um carboidrato presente no leite. É necessário ressaltar a importância de se consultar com um especialista em caso de sintomas, para avaliar se os sintomas são mesmo devido ao consumo de lácteos ou estão relacionados a outros problemas intestinais não tratados.
O consumo de produtos sem lactose só é necessário para aqueles indivíduos com o diagnóstico de intolerância à lactose, pois para indivíduos saudáveis a lactose não causa nenhum malefício e a exclusão dos lácteos pode acarretar dificuldades em se atingir as necessidades nutricionais diárias. Portanto, não considere a lactose uma vilã da sua saúde. Caso sinta algum desconforto, procure tratamento para descobrir a real causa.
O cálcio tem sido estudado, como um mineral que interfere na regulação do peso corporal, estando ele presente em grande parte nos produtos lácteos. Têm sido despertado um grande interesse em estudos que relacionem o papel dos lácteos e a obesidade mostrando que há uma relação inversa entre estes fatores, pois estudos permitiram observar que à medida que ocorria um aumento no consumo de laticínios, o número de indivíduos com peso normal se elevava e o de obesos reduzia.
Determinadas hipóteses procuram explicar como o cálcio atua no processo de perda de peso. A primeira delas revela que o cálcio dietético reduz a concentração de cálcio intracelular das células adiposas, assim o armazenamento de gordura na célula seria dificultado. Sendo assim de modo contrário, caso o cálcio presente na alimentação tenha sido insatisfatório, ocorrerá um aumento da concentração de cálcio nessas células, incentivando a lipogênese, suspendendo a lipólise e beneficiando o ganho de peso. A segunda hipótese destaca, em nível intestinal, a associação do cálcio com os ácidos graxos, formando sabões insolúveis que serão eliminados pelas fezes, diminuindo assim a absorção de gordura intestinal. O consumo de lácteos é uma forma efetiva de obtenção do cálcio, sendo maior a eficácia desse mineral quando proveniente de fontes alimentares, do que quando ingerido através da suplementação. Um dos fatores observados na diminuição da ingestão de cálcio, é decorrente do aumento do consumo de refrigerantes em substituição ao leite e derivados Depreende-se que a ingestão de lácteos e produtos derivados possui influência na saúde da população, visto que estes alimentos exibem alta biodisponibilidade de cálcio, além de outros componentes bioativos, principalmente a leucina e inibidores da atividade da enzima conversora de angiostensina (ECA), que em conjunto com o cálcio podem atenuar a enfermidade.
Desde o início da pandemia em 2020, de acordo com John Hopkins University, houve 109 987 995 casos confirmados e 2 432 430 mortes de COVID-19 pelo mundo até 25/01/2021. Em um trabalho realizado na China por Ren, Cheng e Wang em 2021, foi observado que as crianças apresentavam casos mais leves da doença quando comparadas aos adultos. Mas por que isso ocorre? Será que o fato de as crianças ingerirem mais leite, impacta em sua resposta a doença?
Os sintomas de pessoas infectas pelo vírus da COVID-19, o SARS- CoV-2, variam de leves ou até inexistentes até Síndrome Respiratória Aguda e falência de vários órgãos. Em casos graves, foi observado a chamada “Tempestade de citocinas”, na qual ocorre a liberação aumentada de citocinas pro-inflamatórias, como interleucinas IL-6 e IL-7, fator de necrose tumoral (TNF – α), MCP1, dentre outras, na corrente sanguínea. No entanto, aliviar ou diminuir essa liberação de citocinas é importante para diminuir o risco de mortalidade entre pacientes infectados com SARS- CoV-2.
Para os recém nascidos, como estes não apresentam sistema imunológico totalmente desenvolvido e são protegidos de corpos estranhos antes do nascimento, a partir do parto, o aleitamento materno fornece nutrição e imunidade para o bebê. Além do leite materno fornecer diretamente anticorpos, lisozimas, dentre outras, ele fornece lactoferrina. Essa proteína da fração solúvel do leite auxilia na modulação homeostática do sistema imunológico, atenuando inflamação excessiva, já que regula diretamente a secreção de citocinas regulatórias, como IL-10, prostaglandina E_2. Essa proteína, com características antimicrobianas, tem um papel significativo na proteção de recém nascidos a infecções.
Além disso, leite estimula a proliferação de uma microbiota equilibrada e diversificada. A própria lactose é uma fonte de carboidrato para as Lactobacillus e Bifidobacterias, sendo que esse último grupo é relevante na prevenção de diarreias, um dos sintomas da COVID-19. Uma microbiota desbalanceada é associada com envelhecimento é com estado inflamatório, que abrem portas para microrganismos e doenças. Por fim, devemos ressaltar que como resposta ao vírus, a febre diminui ou suprime totalmente o apetite do paciente e atividade de enzimas digestivas, levando a um menor fornecimento de nutrientes, que podem levar a uma desnutrição proteica.
Dessa forma, respondendo à pergunta que fizemos no primeiro parágrafo, provavelmente sim, o leite impacta positivamente na saúde das crianças e bebês que o ingerem, fornecendo energia e impactando positivamente na homeostase do sistema imune e microbiota intestinal. Além disso, o leite é fonte excelente de proteína, vitamina B1, B2, B9, colina, cobre, zinco, cálcio, fósforo, magnésio, lipídios, carboidratos, dentre outras. Assim, quando não houver risco de intolerância à lactose, ele pode ser uma escolha interessante para pacientes com COVID-19, conforme indicaram os autores do trabalho acima mencionado
Compostos bioativos (CBA) são constituintes presentes nos alimentos que ocorrem em pequenas quantidades nos alimentos, podendo desempenhar diversos papeis benéficos em nossa saúde. Como exemplo de CBAs temos polifenóis, carotenoides, glicosinolatos e, mais especificamente nos lácteos, temos as imunoglobulinas, lactoferrina, polissacarídeos, peptídeos de caseína,ácido linoleico conjugado (CLA), dentre outros.
É muito forte a ligação dos CBAs com sua função antioxidante, ocasionando redução de doenças crônicas não transmissíveis e de processos inflamatórios, porém os efeitos do consumo de cada CBA dependem da quantidade e da biodisponibilidade do composto em questão. Além disso, o processamento pelo qual o alimento passa interfere diretamente, tanto positivamente quanto negativamente, nas propriedades de CBAs, já que muitos são termossensíveis.
Ainda, existe indícios de que a ingestão desses compostos isolados pode não ter tantos efeitos, já que a matriz do alimento como um todo parece influenciar na absorção e função dos CBAs.
Os queijos são os derivados do leite mais apreciados por todos. Existe uma enorme variedade de queijos disponíveis para consumo, há queijos para todos os gostos. Nos anos de 2017 e 2018, os queijos representaram 8% do volume de derivados do leite exportados pelo Brasil e 14% do volume de lácteos importados, um numero bem representativo dentro dos derivados de leite, demonstrando assim a sua importância.
É um fato que o queijo é um alimento altamente nutritivo e versátil, sendo rico em nutrientes como proteínas, carboidratos, cálcio, fósforo, zinco e vitaminas do complexo B. Ele nos fornece uma excelente fonte de energia e nutrientes dentro de pequenas quantidades. A proteína do queijo é uma proteína de alto valor biológico, à medida que fornece uma fonte rica em todos os aminoácidos requeridos pelo nosso corpo. Os lácteos também são fontes de vitamina K, que é uma vitamina essencial para a coagulação sanguínea. Além de todos os benefícios citados, há evidências de que um maior consumo de leite e queijo pode estar associado a um risco menor de acidente vascular cerebral e menor riscos de doenças cardiovasculares, demostrando efeito benéfico a nossa saúde.
O queijo e o leite são conhecidos por conter fatores específicos que podem nos proteger contra cáries dentais e assim eles são chamados de anti-cariogênicos. Alguns estudos mostram que o consumo de queijos pode ajudar a reduzir os aumentos prejudiciais de acidez na placa que envolve o dente, além de fornecer grandes quantidades de cálcio e fósforo à boca, o que ajuda a repor os minerais perdidos pela desmineralização. Neste sentido o consumo de queijos também aumenta a resistência do esmalte dentário.
Podemos concluir então que consumir queijos na nossa rotina é uma excelente estratégia para um bom aporte de nutrientes, além de ajudar na saúde dentária. Você pode aproveitar seu queijinho em paz e feliz!
As doenças cardiovasculares (DCV) causam impacto no perfil de morbidade e mortalidade em populações de diversos países do mundo. Elas são conhecidas como um grupo de alterações que afetam o coração e os vasos sanguíneos.
Por um longo tempo, a literatura existente sobre produtos lácteos permaneceu controversa em relação aos potenciais efeitos positivos ou negativos destes alimentos sobre a saúde cardiovascular. Devido ao fato de que os laticínios contêm gordura saturada e assim sugere-se a possibilidade de aumentar as chances de ter um ataque cardíaco. No entanto, a diversidade de gorduras lácteas, juntamente com outras moléculas de promoção da saúde encontradas no leite, queijo e iogurtes, levou os pesquisadores a suspeitar se o oposto poderia ser verdade.
Kouvari M et al. avaliaram a hipótese de que o consumo de laticínios protege contra o aparecimento de DCV, independentemente de seu teor de gordura. O estudo avaliou também se os participantes com um consumo regular de produtos derivados do leite fermentado exibiam menor risco de experienciar um episódio cardíaco grave. Os resultados do estudo demonstram que o risco de DCV foi significativamente menor em pacientes com consumo regular de leite fermentado, particularmente iogurte, mas não foi significativo no caso de leite. O consumo de manteiga foi geralmente baixo na presente amostra, mas, no geral, não se correlacionou significativamente com risco aumentado de DCV. Este estudo também demonstrou que os marcadores de obesidade e adiposidade visceral, assim como a inflamação de baixo grau, resistência à insulina, esteatose hepática apresentaram efeitos de interação significativos com a ingestão de laticínios.
Com base nestes resultados, fica claro o fato de que nem todos os produtos lácteos possuem o mesmo resultado no quesito doenças cardiovasculares. Em particular, o leite apresentou associação não significativa em relação à incidência de DCV. Em contraste, os produtos fermentados apresentaram associação de proteção contra o início de DCV em 10 anos. Sugere-se que o principal mecanismo pelo qual produtos lácteos fermentados, como o iogurte exercem seu papel na saúde cardíaca é relacionado com seu teor de probióticos. Por outro lado, no caso da ingestão de manteiga, não foi observada relação com o aumento do risco de DCV.
Portanto, as evidencias deixam claro que, apesar de ainda existir um grande preconceito em relação ao consumo de lácteos e seu papel na saúde do coração, estudos tem nos mostrado que os lácteos podem sim ser benéficos à saúde e incluídos dentro de uma alimentação saudável e equilibrada.
A hipertensão arterial é um importante fator de risco para acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e renal também para morte súbita.
De acordo com a sociedade brasileira de hipertensão a dieta DASH é um padrão alimentar saudável criado por cientistas norte-americanos na década de 90 para ser testada em indivíduos diagnosticados com pressão alta. A dieta DASH é caracterizada pela adoção de um hábito alimentar com quantidades elevadas de frutas e vegetais, elevado consumo de cálcio (leite e derivados), além de um consumo reduzido de gordura saturada. Hoje vamos entender um pouco qual a relação do consumo de lácteos com essa melhoria.
Rietsema et al realizaram um ensaio clínico randomizado onde foi investigado se a alta ingestão de laticínios, em comparação com a baixa ingestão de laticínios, resultaria em uma alteração na pressão arterial em indivíduos com excesso de peso e, até que ponto esse efeito poderia ser explicado por mudanças na ingestão de proteínas e minerais. Este estudo de intervenção mostrou que um alto consumo de laticínios resulta em uma redução da pressão arterial sistólica e diastólica em homens e mulheres com sobrepeso e meia-idade. O efeito de redução da pressão arterial em indivíduos que consomem laticínios neste estudo é explicado pelo aumento concomitante da ingestão dietética de cálcio. O efeito de redução da pressão arterial foi independente da ingestão alimentar mais elevada de proteína, potássio e magnésio, e também independente de menor ingestão de sódio na dieta. Este estudo apresentou os lácteos como um alimento que podem contribuir para a redução da pressão arterial, concluindo que os laticínios podem, portanto, contribuir para a prevenção de doenças cardiovasculares.
Portanto, a conclusão é de que os principais benefícios do consumo de lácteos na melhora da hipertensão estão associados ao aumento da ingestão de cálcio, que é um micronutriente essencial para diversas funções no organismo humano. Já consumiu o seu lácteo hoje? Está esperando o que pra aproveitar todos os benefícios dos leites e seus derivados?
É importante saber que existe diferença no consumo de proteínas obtidas de fontes alimentares diferentes. Uma proteína que não tenha em sua composição todos os aminoácidos essenciais - e em quantidade suficiente - além de uma boa digestibilidade, não pode ser considerada uma proteína de alto valor biológico e, por consequência, não vai promover crescimento, nem desenvolvimento muscular. Neste contexto, alimentos de origem animal são mais adequados. Já os de origem vegetal, como a soja, apesar de possuírem altos teores proteicos, não são recomendados. Entre os alimentos de alto valor biológico podemos destacar o leite e seus derivados. Por ser mais facilmente absorvido pelo organismo o soro lácteo promove um melhor desempenho físico em indivíduos treinados, além de fazer com que eles adquiram maior resistência à exaustão. Por isso são uma excelente alternativa para o consumo alimentar de praticantes de atividade física. O whey protein é bastante conhecido entre os atletas. Ele é composto por proteínas extraídas da porção aquosa do leite, gerada durante o processo de fabricação do queijo. Rico em aminoácidos, ele é rapidamente absorvido, estimulando a síntese de proteínas sangüíneas e teciduais a ponto de serem classificadas como proteínas de metabolização rápida, muito adequadas para situações de estresses metabólicos, quando a reposição de proteínas no organismo se torna necessária. Percebemos que o leite e seus derivados são alimentos muito adequados para praticantes de atividade física. No entanto, é importante perceber que é a associação de alimentos em momentos específicos que determinam o ganho de performance e de endurance (capacidade de manter determinada força ou contração muscular por longos períodos de tempo) para o indivíduo. É importante destacar a necessidade de uma programação alimentar realizada por nutricionista, para potencializar os ganhos de atletas.
O termo “probiótico” deriva do grego que expressa “para a vida”, estes são representados pelos microrganismos vivos que hospedam o intestino e quando administrados em quantidades adequadas, proporcionam benefícios à saúde e seu consumo é uma alternativa saudável para contribuir com o equilíbrio da flora intestinal. O leite e seus derivados são os principais alimentos utilizados como portador dos probióticos por possuir fatores como, capacidade de proporcionar um ambiente ideal para a sobrevivência e multiplicação bacteriana, assegurar a sobrevivência desses microrganismos ao suco gástrico estomacal, além dos lácteos serem produtos práticos e alcançáveis à população. Os aspectos decorrentes da utilização de probióticos em produtos lácteos fermentados são representados pela: durabilidade do leite, produção de compostos de aroma e outros metabólitos, que geram propriedades sensoriais requeridas pela população; aumento do valor nutricional do alimento lácteo, e fornecimento de propriedades funcionais e/ou de saúde. O leite fermentado é constituído por componentes que possuem diferentes bioatividades. Dentre os efeitos benéficos estão presentes a ação anti-hipertensiva, a regulação do sistema imune, regulação de citocinas e síntese de anticorpos, os efeitos anti-carcinogênicos e a melhora da performance cognitiva. Além disso, os produtos alimentícios probióticos devem ser armazenados a uma temperatura entre 4°C e 5°C, sendo que o elevado teor de proteínas contidas no produto lácteo beneficia a sobrevivência desses microrganismos contra a acidez estomacal.
A gestação é um período que requer uma demanda nutricional intensa, para que haja o pleno desenvolvimento e crescimento do bebê. Uma alimentação adequada em quantidade e qualidade proporcionará um ótimo estado de saúde à mãe e ao seu filho. Durante a gravidez deve haver uma garantia de ingestão correta e equilibrada de proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais.
A inclusão de lácteos é uma estratégia para auxiliar na obtenção dos requisitos necessários, protegendo a massa óssea materna e trazendo diversos benefícios para a saúde da gestante e seu bebê. O cálcio, mineral presente no leite e seus derivados, é essencial para o crescimento ósseo fetal, principalmente no período que corresponde a segunda metade da gestação, no qual o feto incorpora através da placenta, de 200 a 350 miligramas de cálcio por dia. Atingir as recomendações diárias deste mineral pode ser complexo, o que requer a ingestão de alimentos fortificados ou alimentos que são naturalmente fontes de cálcio na sua forma biodisponível, como os lácteos por exemplo.
Outro mineral determinante no desenvolvimento fetal é o zinco, participando nos processos de divisão celular, metabolismo hormonal, síntese proteica e função imunológica. A carência de zinco no período gestacional, relaciona-se com retardo de crescimento intra-uterino, aborto espontâneo, pré-eclampsia, nascimento prematuro, anormalidades congênitas e prejuízo na função dos linfócitos T.
A vitamina A representa outro micronutriente indispensável em vários processos metabólicos, como o ciclo visual, a diferenciação celular, a reprodução, o crescimento, sistema imunológico e antioxidante. A deficiência ou o excesso dessa vitamina durante a gestação, podem estar associados com defeitos congênitos cerebrais, auditivos, oculares, do aparelho gênito-urinário e cardiovascular. O consumo de leite e derivados favorece para suprir as necessidades maternas de nutrientes.
As proteínas do leite são excelentes fontes de aminoácidos indispensáveis, que são fundamentais para a síntese proteica nos tecidos maternos e fetais, sendo ela conhecida pelo seu alto valor biológico.
A alergia à proteína do leite ocorre quando, logo após a ingestão de produtos lácteos, nosso organismo vê as proteínas presentes nesses alimentos como um “corpo estranho”, gerando intensa resposta a elas, com o objetivo de combatê-las e eliminá-las. Isso ocorre devido ao mecanismo de defesa do nosso corpo, conhecido como sistema imunológico. Os sintomas aparecem nos primeiros momentos após a ingestão, sendo mais comum a inflamação do esôfago e dificuldade de engolir, causando impacto direto no consumo de alimentos, dor abdominal, vômitos, e outros.
Já o termo intolerância à lactose está associado a uma incapacidade que o organismo encontra em digerir o açúcar do leite, a lactose. Nesse caso não há resposta imune como citado anteriormente, mas sim uma deficiência na atuação de uma enzima importante na quebra desse açúcar, para que posteriormente ele possa ser absorvido no nosso intestino, enzima essa chamada de lactase. Quando a lactose não é digerida no intestino ela fica depositada ali, gerando concentração e acúmulo de água que migra para este local. Com isso, pode-se ver os primeiros sintomas do distúrbio, sendo diarréia, cólica, gases e distensão abdominal os principais desencadeados.
Em ambos os casos, os indivíduos portadores dessas alterações tomam a decisão de excluir de sua dieta os produtos lácteos. Porém, essa escolha deve ser feita com cautela a fim de não prejudicar a qualidade nutricional da sua alimentação, uma vez que deve haver reposição de nutrientes que se equivalem a estes perdidos na alimentação isenta de lácteos. O leite é rico em proteínas, de alto valor nutricional, gorduras, vitaminas (especialmente as do complexo B, com destaque para a B2 e B12) e minerais (como o cálcio e fósforo e, no leite integral, vitaminas A e D).
É imprescindível também lembrar a importância de um diagnóstico completo com realização de exames para verificar possíveis perdas e carências nutricionais, com o objetivo de não só prevenir complicações, como também promover a saúde do paciente.
Os efeitos benéficos do consumo de lácteos são inúmeros, dentre eles está presente a saúde muscular, na qual se destaca cada vez mais no cotidiano dos indivíduos. Esta propriedade é evidenciada pelo alto valor biológico das proteínas contidas em leite e derivados.
As proteínas dos soro do leite possuem um elevado teor de aminoácidos essenciais de cadeia ramificada, especialmente a leucina, que promove eficiência na síntese de proteínas como um todo e em particular na massa muscular, por ativar vias anabólicas neste tecido. Foi realizado um estudo associando o treinamento físico em idosos hipertensos, após destreino, com o consumo de produtos lácteos, mostrando um efeito positivo ao final. O alto consumo de laticínios possui relação inversa com a incidência de doenças cardiovasculares, por diminuir a pressão arterial, especialmente em indivíduos hipertensos. Além disso, a proteína do leite pode melhorar a saúde metabólica indiretamente, aumentando a massa muscular e a função musculoesquelética, auxiliando na reversão da perda progressiva de força e massa, ocasionadas pelo avanço da idade. Os resultados obtidos demostraram que idosos hipertensos tendo ingestão de lácteos adequada, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, conseguiram manter os ganhos adquiridos em 16 semanas de treinamento físico, após 6 semanas de destreino.
A termogênese induzida pela proteína da dieta representa um outro efeito positivo, ou seja, o gasto energético para digestão, absorção e disponibilidade de nutriente ingerido, é maior no consumo de proteínas quando se compara com carboidratos e lipídeos. Logo, ocorre um auxilio no controle do peso corporal, sendo os aminoácidos de cadeia ramificada presentes em laticínios, responsáveis por promover estímulos anabólicos e efeitos insulinotrópicos.