Serra da Canastra
Dentre as regiões produtoras de queijo artesanal, em Minas Gerais, com certeza a Canastra é bastante conhecida. Esta fama ultrapassa as fronteiras do Estado e, com justiça, existe razão no fato. Na região da Canastra a produção do queijo artesanal é um fator cultural de significativa importância sócio-econômica para grande parte das famílias rurais. Em toda a região é marcante a presença da agricultura familiar, com sua característica de diversificação de produtos e seu conseqüente envolvimento na atividade leiteira. É principalmente daí que saem as cerca de 4.470 toneladas/ano de Queijo Minas Artesanal Canastra para abastecer os mercados locais, regionais e até de estados vizinhos. A região da Canastra localiza-se no sudoeste do Estado de Minas Gerais, limitando-se ao norte com a região do Triângulo Mineiro ao sul com a região do Lago de Furnas e a oeste com a região centro-oeste de Minas. É comum na região, principalmente em São Roque de Minas, Medeiros e Vargem Bonita, a produção de um queijo diferenciado, de formato cilíndrico, com altura entre 7 a 8 cm, diâmetro de 26 a 30 cm, peso entre 5 a 7 kg, com a denominação de queijo Canastra Real ou Canastrão. Segundo consta, este tipo de queijo era produzido antigamente em ocasiões especiais, como visitas do Bispo Católico ou de autoridades do império ou da capitania.
Campo das vertentes
A produção de leite e queijos na região do Campo das Vertentes data do período colonial junto com a exploração aurífera entre os séculos XVIII e XIX. Os primeiros colonos no Campo das Vertentes começaram a fabricar queijos com técnicas vindas de Portugal. Os viveres alimentícios produzidos na região das vertentes que abasteciam tropeiros, comerciantes, garimpeiros e todo tipo de viajantes que por ali passavam indo e vindos de outras regiões mineradoras, não podiam ser perecíveis devido às longas jornadas que tinham que atravessar. Dentro deste contexto, o queijo curado “queijo vindo das Minas”, “queijo de Minas Gerais”, “Queijo Minas” podia ser transportado até cidades distantes, se transformando numa iguaria ate os dias de hoje.
Araxá
A produção do 'Queijo Araxá' também foi iniciada com a chegada dos portugueses. Na região de Araxá a existência de plantas e árvores nativas ou cultivadas, levou ao aproveitamento de determinadas frutas para produção de doces cristalizados e em calda. Então o queijo passou a ser o acompanhamento ideal dos doces. O 'Queijo Araxá' tem sido caracterizado por ser um produto resultante da mão-de-obra feminina. Tradicionalmente as mulheres produziam os queijos nas fazendas e os homens comercializavam cidade. Em 1958 foi criada a Cooperativa Agropecuária de Araxá, com o objetivo principal de escoar a produção do queijo que, na época, constituía-se no primeiro produto dos associados. Hoje as mulheres continuam produzindo muitos queijos na região. Até porque, segundo a tradição popular, são elas as donas das mãos de temperaturas elevadas e habilidades naturais. Daí, a necessidade de nos meses de inverno, as mulheres mergulharem as mãos na água quente para não deixarem esfriar a massa durante o preparo do queijo. Nesse sentido podemos afirmar que a produção artesanal do queijo ARAXÁ permanece viva.
Serro
Na região do Serro, o queijo chegou também pela trilha do ouro, na bagagem do explorador do minério. Mas só no momento após a decadência da mineração e depois do ciclo rural mais promissor, o da cana-de-açúcar, é que o queijo se estruturou como elemento de alavancagem da economia. A fama do Queijo do Serro permanecia entre os habitantes do município e das cidades vizinhas, principalmente Diamantina. Somente por volta de 1930 é que a fama do Queijo do Serro se consolidou com a abertura da estrada Serro-Belo Horizonte, via Conceição do Mato Dentro. A Associação dos Produtores Artesanais do Queijo do Serro (Apaqs) foi criada para dar voz e força política aos produtores. A cooperativa local, criada há 50 anos, registrou a marca e cuida da comercialização.
Cerrado
A região do Cerrado, também conhecida como Alto Paranaíba, no oeste do estado, lançou em 2006 o selo “Queijo do Cerrado”. Diferente do queijo da canastra, o do cerrado deve ser consumido mais cedo. Geralmente é na fase de maturação média. Historicamente, os municípios que fazem parte da região pertenciam à comarca de Paracatu, sendo cada um deles emancipados posteriormente em épocas diferentes. Atualmente os queijos da região são reconhecidos e possuem grande importância econômica para o ‘cerrado mineiro’.
Serra do Salitre
A Serra do Salitre é uma das mais tradicionais regiões na produção do queijo Minas artesanal. Em 2014 foi reconhecida como região tradicionalmente produtora pelas instituições governamentais do Estado. Dentre as microrregiões produtoras de QMA reconhecidas pelo IMA, Serra do Salitre é a menor de todas pois é formada apenas um município. O queijo de minas artesanal é o produto mais nobre produzido em Serra do Salitre. Sua história vive na memória de antigos moradores da região e sua importância é valorizada em cada família.
Triângulo Mineiro
A região do Triângulo Mineiro foi reconhecida como região de produtora de queijos minas artesanal em 2014, quando foram registrados cerca de 1,3 mil produtores. Macios por dentro e envoltos por uma pequena camada mais sólida, os queijos dessa região apresentam uma cor característica, que é o amarelo-ouro. A região reconhecida possui 10 cidades, nas quais é possui degustar queijos dos tipos parmesão, gorgonzola e gruyere, além do tradicional queijo artesanal de Minas.
Serras da Ibitipoca
A região das Serras da Ibitipoca é a mais recente dentre aquelas reconhecida como produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA) em Minas Gerais. O estudo de caracterização dos municípios da região foi realizado pela Emater-MG em parceria com Instituto Federal de Rio Pomba e prefeituras.
O trabalho identificou que os queijos na região são produzidos e comercializados desde o século XVIII. A Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal da Região das Serras da Ibitipoca (Aproq), fundada em 2019 orienta os produtores da região para que eles sigam as regras de produção de QMA na região.