Amamentação exclusiva e inclusão do leite de vaca na introdução alimentar
O leite materno contém os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança, protegendo-a de infecções e outros problemas de saúde. Destaca-se a importância do aleitamento exclusivo para a saúde da mãe e do bebê, sendo o leite materno o melhor - e único - alimento indicado até os primeiros 6 meses.
A Organização Mundial da Saúde define aleitamento materno exclusivo como a criança que recebe apenas leite materno, sendo outros sólidos e líquidos descartados da dieta, incluindo a água. Essa diretriz é recomendada aos lactentes nos primeiros seis meses de vida. Crianças amamentadas exclusivamente têm um risco reduzido de mortalidade por todas as causas em comparação com as crianças predominantemente amamentadas, e um risco reduzido de 184% em comparação com as crianças parcialmente amamentadas. Além disso, crianças prematuras que possuem uma alimentação exclusiva com leite humano possuem uma associação positiva de depósitos de massa livre de gordura e resulta em melhor recuperação do crescimento a longo prazo, se comparados a prematuros que recebem fórmulas.
O aleitamento materno exclusivo está associado à redução de vários fatores de risco como a redução de problemas gastrointestinais e pulmonares no período neonatal, se comparados aos lactentes que recebem fórmula infantil prematura. Além disso, o leite materno contém os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança, protegendo-a de infecções gastrointestinais e respiratórias, obesidade, risco de alergias, doenças endócrinas, além de promover a saúde mental e o desenvolvimento psicomotor do lactente. Estudos também mostram que o aleitamento materno também reduz o risco de câncer de mama e ovário na mãe e protege as mulheres contra gravidez indesejada, além de, na idade adulta, ter efeito redutor da pressão arterial, colesterol e reduzir o risco de diabetes mellitus.
O leite materno possui a composição nutricional ideal para os lactentes, pois é composto principalmente por água, proteínas, gorduras, carboidratos, ácidos graxos saturados, insaturados, poli-insaturados e colesterol, vitaminas e minerais como sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, ferro e zinco.
Vários estudos mostram que o aleitamento materno exclusivo, por pelo menos seis meses ou mais, está relacionado a hábitos alimentares mais saudáveis, expresso por uma ingestão mais variada de nutrientes e um menor consumo de bebidas açucaradas. Outro benefício do leite materno, em relação às fórmulas, é o controle do IMC (Índice de Massa Corporal) e adiposidade dos lactentes, em comparação às fórmulas. Dessa forma, é possível observar os inúmeros benefícios do aleitamento materno exclusivo, sendo esse alimento o melhor, e único, indicado até os 6 meses.
Um ponto importante a ressaltar é que o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, tem sido ressaltado como eficaz na prevenção de sintomas alérgicos, tendo em vista que o organismo da criança antes dos 6 meses ainda não está preparado para receber outros alimentos além do leite materno. Estes fatores estão associados ao risco de alergia alimentar e podem ser modificáveis. Sendo assim, alimentos como sucos, chás, alimentos com o elevado potencial imunológico, como o leite de vaca não devem ser administrados nesse período.
A prevenção precoce de alergias nos primeiros quatro meses de vida pode ajudar a prevenir o aparecimento de alergias futuras em crianças menores de 2 anos, como o desenvolvimento de APLV (alergia à proteína do leite de vaca). É importante destacar as diferenças entre intolerância e alergia ao leite de vaca, já que ambas possuem características semelhantes, que podem confundir o consumidor. A intolerância alimentar consiste na dificuldade do nosso organismo em processar certos alimentos, não envolvendo o sistema imunológico, que no caso do leite de vaca, consiste na intolerância à lactose. Já a alergia consiste na hipersensibilidade do nosso organismo a determinado alimento ingerido, onde o sistema imunológico entende o alimento como uma entidade agressora, no caso da APLV o problema ocorre devido à proteína do leite.
Alguns sintomas da alergia alimentar ao leite de vaca, envolvem manifestações cutâneas, como urticária, angioedema e dermatite atópica, manifestações gastrointestinais como síndrome da alergia oral, esofagite eosinofílica, gastrite, refluxo gástrico e gastroesofágico, cólica do lactente, acompanhada de choro excessivo, além de enteropatia induzida pela proteína do leite. A alergia do leite também promove manifestações respiratórias como asma, rinite e síndrome de Heiner, além de poder provocar manifestações sistêmicas como anafilaxia. Já a intolerância ao leite de vaca apresenta manifestações como inchaço, distensão abdominal, flatulência excessiva e dor abdominal inespecífica, além de alguns acometidos apresentarem vômitos e diarreia. Na intolerância ao leite de vaca a motilidade gastrointestinal pode estar diminuída, podendo acarretar constipação, apesar dos sintomas citados, a intolerância não acarreta manifestações sistêmicas.
Estudos mostram que a APLV é muito comum entre o primeiro e o terceiro ano de vida, sendo o principal fator do seu desenvolvimento a iniciação precoce do leite de vaca na dieta das crianças lactentes, principalmente quando ocorre antes dos 6 meses de vida, quando o organismo infantil ainda é imaturo. O leite de vaca é um alimento complementar na nutrição humana, principalmente por prover energia, proteínas de alto valor nutricional e minerais. Sendo assim, é recomendado a introdução desse alimento a partir dos 6 meses, não devendo ser introduzido antes.
O tratamento de pessoas diagnosticadas com APLV se baseia na exclusão do leite de vaca da dieta, sendo esse substituído por fórmulas a base de proteína isolada de soja, proteínas hidrolisadas ou de aminoácidos, podendo variar de acordo com critérios clínicos. No entanto, após o diagnóstico deve-se realizar testes a cada 6 meses, para verificar a possibilidade de desenvolvimento da tolerância, principalmente nos primeiros anos de vida, para evitar a exclusão do leite de vaca, que possui grande riqueza nutricional, por um tempo maior que o necessário.
Conclui-se que o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida é muito importante para os lactentes, inclusive para evitar a sensibilização por alguns alimentos como o leite de vaca. O leite de vaca pode ser incluído na dieta dos lactentes, entretanto, apenas após os 6 meses, sendo esse alimento detentor de inúmeros nutrientes benéficos para a saúde humana.
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